Brincadeira de roda: benefícios pedagógicos e ideias práticas para usar em sala de aula

Quem nunca cantou, correu e deu risada em uma brincadeira de roda? Essa prática lúdica, além de trazer alegria às crianças, tem papel fundamental no desenvolvimento infantil. Ela vai muito[...]

Práticas Pedagógicas
19/08/2025
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Brincadeira de roda: benefícios pedagógicos e ideias práticas para usar em sala de aula

Quem nunca cantou, correu e deu risada em uma brincadeira de roda? Essa prática lúdica, além de trazer alegria às crianças, tem papel fundamental no desenvolvimento infantil. Ela vai muito além do entretenimento — promove a socialização, desenvolve a coordenação motora, fortalece vínculos, ensina regras e estimula a criatividade. 

No ambiente escolar, ela a brincadeira de roda é uma grande aliada do educador. Ela facilita o aprendizado coletivo, promove a inclusão e ajuda a construir valores como respeito, cooperação e empatia.

Neste artigo, vamos explorar sua importância para a Educação Infantil, sua origem cultural, os principais benefícios pedagógicos e como os professores podem inseri-la de forma prática no dia a dia da sala de aula. Confira mais a seguir!

O que é brincadeira de roda e qual é a sua origem cultural?

A brincadeira de roda é uma atividade tradicional em que as crianças formam um círculo — de mãos dadas ou não — para cantar, se movimentar e interagir. Muitas dessas brincadeiras são acompanhadas por músicas populares, com letras simples e repetitivas, que facilitam a memorização e o envolvimento dos pequenos.

Sua origem remonta a práticas culturais antigas, presentes em diversas partes do mundo, mas que ganharam força no Brasil com influências africanas, indígenas e europeias. Elas foram transmitidas oralmente entre gerações e hoje fazem parte do patrimônio cultural da infância brasileira. 

Qual é o objetivo da brincadeira de roda na Educação Infantil?

Na Educação Infantil, o principal objetivo da brincadeira de roda é proporcionar uma vivência lúdica, que favoreça o desenvolvimento integral da criança. Isso inclui aspectos físicos, cognitivos, emocionais e sociais. Ao brincar em roda, a criança aprende a respeitar o espaço do outro, ouvir o grupo, seguir instruções, trabalhar em equipe e expressar sentimentos.

Além disso, ela estimula a linguagem, a musicalidade, o ritmo e a consciência corporal. É uma forma natural de aprendizagem, em que o conhecimento acontece por meio da vivência concreta e prazerosa.

O que a brincadeira de roda desenvolve nas crianças?

A brincadeira de roda contribui diretamente para o desenvolvimento de diversas habilidades essenciais na infância, entre elas:

  • Coordenação motora grossa: por meio de movimentos como correr, girar, pular e bater palmas;
  • Ritmo e musicalidade: ao cantar e acompanhar o tempo da música;
  • Linguagem oral: com a repetição de letras e a participação em cantigas;
  • Interação social: ao se relacionar com os colegas e compreender papéis no grupo;
  • Resolução de conflitos: ao lidar com as regras e os combinados da brincadeira;
  • Autoconfiança: ao assumir papéis e participar ativamente da atividade.

Relação entre brincadeira de roda e BNCC

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reconhece a importância das experiências lúdicas na formação das crianças. A brincadeira está diretamente ligada aos campos de experiência da Educação Infantil propostos pela BNCC, especialmente:

  • “Corpo, gestos e movimentos”;
  • “Escuta, fala, pensamento e imaginação”;
  • “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”;
  • “O eu, o outro e o nós”.

Essas atividades promovem o protagonismo infantil e permitem que a criança construa seu conhecimento de forma ativa, significativa e prazerosa. Assim, esse tipo de brincadeira se consolida como uma prática alinhada às diretrizes pedagógicas contemporâneas.

Quais são as 10 brincadeiras de roda mais comuns nas escolas?

Essas brincadeiras, além de divertidas, carregam elementos da cultura popular e proporcionam momentos de aprendizado coletivo. A seguir, destacamos algumas das brincadeiras mais populares nas escolas brasileiras:

  1. Ciranda, cirandinha;
  2. Escravos de Jó;
  3. Se essa rua fosse minha;
  4. A canoa virou;
  5. Peixe vivo;
  6. O cravo brigou com a rosa;
  7. Marcha soldado;
  8. Sapo cururu;
  9. Fui no Tororó;
  10. Atirei o pau no gato.

Brincadeira de roda como ferramenta de inclusão e diversidade

Um dos maiores potenciais da brincadeira de roda está em sua capacidade de incluir todos os alunos, independentemente de habilidades físicas, linguísticas ou cognitivas. Como é uma atividade grupal, permite que cada criança participe dentro de suas possibilidades, promovendo a valorização da diversidade e a empatia.

Além disso, é possível adaptar as canções, os movimentos e as dinâmicas para contemplar culturas diferentes, incluindo brincadeiras de origem indígena, africana e nordestina, por exemplo. Isso amplia o repertório cultural dos alunos e fortalece o respeito às diferenças.

Saiba mais: Educação inclusiva: como criar um ambiente escolar acolhedor e acessível para todos

Brincadeira de roda e criatividade: espaço para improviso e imaginação

As brincadeiras também são um terreno fértil para a criatividade. As crianças podem inventar novas letras, criar movimentos, imitar personagens e transformar as regras de acordo com o interesse do grupo. Essa liberdade estimula a criatividade, o pensamento simbólico e a expressão artística.

Os professores podem incentivar a criação coletiva de novas brincadeiras de roda, permitindo que os alunos usem sua voz e imaginação para transformar a roda em um espaço autoral e dinâmico.

Sugestões práticas para professores aplicarem brincadeiras de roda na rotina escolar

Quer levar a brincadeira de roda para o dia a dia da sala de aula? Aqui vão algumas dicas práticas:

  • Crie uma rotina semanal, com um momento reservado para as brincadeiras de roda;
  • Organize o espaço físico, afastando carteiras ou utilizando o pátio, para garantir liberdade de movimento;
  • Explore diferentes temas: datas comemorativas, conteúdos pedagógicos ou acontecimentos do cotidiano podem inspirar cantigas e dinâmicas;
  • Combine regras com a turma antes de iniciar a brincadeira, promovendo autonomia e responsabilidade;
  • Registre as atividades com fotos ou desenhos, incentivando a memória e o relato das experiências vividas;
  • Varie os papéis durante a brincadeira, para que todas as crianças possam experimentar diferentes funções.

Adaptações da brincadeira de roda para espaços pequenos e ambientes internos

Nem sempre há pátios disponíveis ou salas amplas, mas isso não precisa ser um impedimento para realizar a brincadeira. A chave está na criatividade do educador para adaptar o espaço à proposta pedagógica. Veja algumas adaptações possíveis:

  • Forme pequenos grupos, com 4 a 6 crianças, para atividades em roda reduzida.
  • Use marcações no chão, como fitas adesivas, para organizar o espaço e manter o círculo.
  • Instrua as crianças a brincarem sentadas quando o espaço for muito restrito, adaptando a brincadeira para gestos com as mãos e o corpo superior.
  • Aproveite os corredores ou espaços externos cobertos, quando possível.

Brincadeira de roda na educação especial: acessibilidade e sensibilidade

A brincadeira de roda pode ser uma ferramenta de inclusão na educação especial. Ela favorece a comunicação não verbal, o reconhecimento de sons e ritmos, o estímulo sensorial e o trabalho coletivo. O importante é manter o foco na participação e no envolvimento de todos, respeitando o tempo e a singularidade de cada estudante. Algumas sugestões:

  • Adapte os movimentos às necessidades motoras de cada criança.
  • Inclua elementos visuais e táteis, como lenços coloridos ou instrumentos sonoros.
  • Use músicas com ritmo marcado e letras simples, facilitando a compreensão.
  • Conte com apoio de mediadores, quando necessário, para garantir que todos participem.

Integração entre família e escola por meio das brincadeiras de roda

As famílias também podem ser envolvidas nas atividades de brincadeira de roda, criando momentos de convivência e troca com a escola. Essa integração valoriza o saber popular, cria vínculos afetivos e reforça o papel da escola como espaço de cultura e pertencimento. Algumas ideias:

  • Promova oficinas de cantigas com os pais e responsáveis;
  • Organize eventos temáticos, como tardes de brincadeiras tradicionais;
  • Peça que as famílias compartilhem músicas e brincadeiras que fizeram parte de sua infância;
  • Registre as experiências em murais ou vídeos, fortalecendo os laços entre escola e comunidade.

Saiba mais: Família e escola: a importância da colaboração para a formação de crianças e jovens

Como avaliar o desenvolvimento a partir da brincadeira de roda?

crianças brincando de roda ao ar livre em um parque.

A avaliação da brincadeira de roda não precisa ser formal. O professor pode observar indicadores como:

  • Participação e envolvimento nas atividades;
  • Interação com os colegas;
  • Capacidade de seguir instruções;
  • Expressão corporal e linguagem oral;
  • Desenvolvimento da coordenação motora;
  • Demonstração de atitudes de respeito e cooperação.

Esses registros podem ser feitos por meio de anotações, fotos ou vídeos, e servirão como base para planejar intervenções pedagógicas mais assertivas.

Conclusão

A brincadeira de roda é muito mais do que uma atividade recreativa: é uma poderosa ferramenta pedagógica que desenvolve competências essenciais nas crianças. Ela promove a socialização, a empatia, a coordenação motora, a musicalidade e o respeito às regras, tudo isso de forma natural, leve e divertida.

Inseri-la no cotidiano escolar é garantir que o aprendizado aconteça com afeto, movimento e significado. Ao valorizar essa prática, o educador contribui para a construção de uma infância mais rica, criativa e inclusiva.

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Conteúdo Santillana Educacão