Vícios de linguagem: entenda o que são e como corrigi-los no contexto escolar
A linguagem é uma ferramenta essencial para a comunicação humana, e seu uso eficaz determina a qualidade das interações e o sucesso na transmissão de informações. No ambiente escolar, aprimorar[...]
Práticas Pedagógicas
30/10/2025
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A linguagem é uma ferramenta essencial para a comunicação humana, e seu uso eficaz determina a qualidade das interações e o sucesso na transmissão de informações. No ambiente escolar, aprimorar o domínio da língua é fundamental para o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes.
Nesse cenário, conhecer e corrigir os vícios de linguagem é um passo importante para garantir uma comunicação mais clara, coesa e eficiente. Educadores e alunos devem estar atentos a esses desvios que, embora comuns no cotidiano, comprometem a qualidade da expressão oral e escrita.
Neste artigo, vamos entender o que são vícios de linguagem, identificar seus principais tipos e discutir estratégias práticas para corrigi-los em sala de aula. Confira!
O que são vícios de linguagem e como eles surgem?
Os vícios de linguagem são desvios que ocorrem na comunicação, seja na fala ou na escrita, que prejudicam a clareza, a precisão ou a elegância do discurso. Esses vícios geralmente surgem do hábito, da falta de conhecimento das normas da língua ou de um vocabulário limitado.
Muitas vezes, estão tão enraizados no cotidiano que passam despercebidos, mas podem dificultar o entendimento da mensagem e afetar a credibilidade de quem se expressa.
Em um contexto educacional, é comum que crianças e adolescentes reproduzam esses vícios porque estão em processo de aquisição e consolidação da linguagem. A influência do meio, como conversas familiares, redes sociais e programas de televisão, também contribui para a incorporação desses desvios no repertório dos alunos.
Quais são os principais vícios da comunicação?
Entre os vícios de linguagem mais recorrentes estão:
o pleonasmo vicioso, repetição desnecessária de ideias, como em “subir para cima”;
a cacofonia, quando a junção de palavras gera um som desagradável ou constrangedor, como em “ele tinha um mapa útil”;
o barbarismo, que consiste no uso incorreto de palavras quanto à pronúncia ou grafia, como “mendingo” em vez de “mendigo”;
a ambiguidade, quando a frase permite mais de uma interpretação, prejudicando o sentido pretendido;
o eco, repetição excessiva de sons ou palavras próximas;
o solecismo, que representa erros de concordância, regência ou colocação;
o estrangeirismo, uso excessivo e desnecessário de termos estrangeiros sem tradução.
Esses vícios empobrecem a comunicação, e ainda podem gerar mal-entendidos e comprometer o desempenho acadêmico dos alunos, especialmente em produções textuais e apresentações orais.
Vícios de linguagem no cotidiano escolar: onde ocorrem?
No ambiente escolar, os vícios de linguagem podem se manifestar em diversas situações, como nas interações verbais entre colegas e professores, em apresentações de trabalhos e atividades de leitura e interpretação de texto, além das produções escritas, como redações e relatórios.
Frequentemente, os alunos reproduzem vícios adquiridos fora da escola e, sem a devida orientação, acabam perpetuando desvios que podem se tornar hábitos difíceis de corrigir.
Além disso, os vícios de linguagem podem aparecer nos próprios materiais didáticos ou em exemplos utilizados em sala, se não houver um cuidado rigoroso na elaboração dos conteúdos. Por isso, é papel do educador estar atento não apenas ao que os alunos produzem, mas também ao que é apresentado como referência dentro do espaço escolar.
Impacto dos vícios de linguagem no aprendizado dos alunos
Os vícios de linguagem têm um impacto direto no processo de aprendizagem. Um estudante que não consegue se expressar de forma clara e correta tende a ter dificuldades em disciplinas que exigem interpretação e produção textual, como Língua Portuguesa, História e Filosofia.
Além disso, essas falhas comprometem o desenvolvimento do pensamento crítico e lógico, já que a comunicação eficaz é fundamental para articular ideias, construir argumentos e participar de debates.
A longo prazo, alunos que não corrigem seus vícios de linguagem podem enfrentar obstáculos em situações que exigem comunicação formal, como vestibulares, redações, entrevistas de emprego e ambientes acadêmicos.
Dados de avaliações nacionais como o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) mostram que a interpretação textual e a escrita coesa ainda são desafios importantes no Brasil, o que reforça a necessidade de um trabalho consistente em sala de aula para aprimorar essas competências.
Relação entre os vícios de linguagem e os 7 tipos de linguagem
Para compreender melhor os vícios de linguagem, é importante relacioná-los aos sete tipos de linguagem: verbal, não verbal, oral, escrita, formal, informal e mista. Cada tipo apresenta características próprias e exige cuidados específicos para evitar desvios.
Na linguagem verbal, que se manifesta tanto na fala quanto na escrita, os vícios de linguagem aparecem principalmente em erros de construção e escolha de palavras. Na linguagem não verbal, como gestos e imagens, os vícios podem ocorrer na interpretação ou na combinação inadequada com o discurso verbal.
A linguagem formal, usada em contextos acadêmicos ou profissionais, exige atenção especial à norma culta, na qual os vícios são menos tolerados. Já na linguagem informal, comum entre amigos e familiares, esses desvios podem ser mais frequentes, mas não por isso devem ser ignorados no processo educativo.
Compreender essas diferenças ajuda o educador a contextualizar o ensino, mostrando aos alunos quando é necessário manter o rigor da linguagem e quando há mais liberdade para expressar-se de maneira descontraída.
Como identificar os vícios de linguagem na fala e na escrita?
Identificar os vícios de linguagem requer atenção às produções dos alunos e uma escuta atenta nas interações verbais.
Durante a correção de redações, por exemplo, o professor deve observar repetições desnecessárias, erros de concordância, palavras grafadas incorretamente ou frases ambíguas. Na fala, a observação de apresentações orais e debates permite a percepção de vícios sonoros como a cacofonia ou a repetição de termos.
Uma dica prática é realizar atividades específicas de revisão textual, em que os alunos são estimulados a encontrar e corrigir os vícios em textos próprios ou de colegas. Além disso, gravações de apresentações podem ser utilizadas para que os próprios estudantes percebam os desvios na fala e possam aprimorar sua expressão oral.
Estratégias pedagógicas para trabalhar vícios de linguagem em sala de aula
Trabalhar os vícios de linguagem de forma pedagógica é essencial para promover a consciência linguística. O uso de jogos educativos, como caça-palavras e desafios de correção, pode tornar o aprendizado mais dinâmico. Atividades de reescrita de textos com foco na eliminação de vícios ajudam a consolidar o conhecimento.
Outra estratégia é o trabalho com exemplos concretos retirados do cotidiano dos alunos, como posts de redes sociais, manchetes de jornal ou músicas, analisando as construções linguísticas e corrigindo erros identificados. A prática constante de leitura também é uma grande aliada, já que amplia o repertório vocabular e apresenta modelos corretos de linguagem.
Projetos interdisciplinares, que envolvem outras áreas do conhecimento, podem estimular a aplicação do aprendizado em diferentes contextos, reforçando a importância da linguagem bem estruturada.
Como envolver as famílias no processo de desenvolvimento linguístico?
A participação das famílias no combate aos vícios de linguagem é um fator que potencializa os resultados obtidos na escola. Os pais podem ser orientados a incentivar a leitura em casa, criar momentos de conversa que promovam o uso adequado da língua e estimular a escrita por meio de diários ou cartas.
Além disso, a escola pode oferecer oficinas e palestras para as famílias sobre a importância do desenvolvimento linguístico e como eles podem contribuir nesse processo. Estabelecer uma comunicação clara entre escola e família, por meio de bilhetes, reuniões e redes sociais, também serve de exemplo de linguagem adequada e promove uma parceria educativa consistente.
Os vícios de linguagem são desafios presentes no cotidiano escolar, mas que podem ser superados com orientação, prática e envolvimento ativo de educadores e famílias. Identificar, compreender e corrigir esses desvios aprimora a comunicação dos alunos e fortalece sua capacidade crítica, argumentativa e interpretativa.
Promover atividades lúdicas, leitura constante, produções textuais e debates em sala são caminhos eficazes para que os estudantes desenvolvam uma linguagem mais precisa e elegante.
Quando o ambiente escolar se dedica a essa formação, contribui significativamente para que os alunos estejam preparados para os desafios acadêmicos e profissionais que exigem comunicação clara e eficiente.
Ao incorporar o ensino consciente sobre os vícios de linguagem, as escolas melhoram o desempenho acadêmico e formam cidadãos mais preparados para interagir com o mundo de forma crítica, ética e responsável.